18.10.06
Fábulas cotidianas
Talvez já tenha contado esta singela história por aqui. Não me importo, a história é boa e, mesmo que não inédita, será rescrita, oquei?
Fim do disclêimer.
Calor demais, o que é deveras inusitado para o horário. Dezoito horas; cerca de. O dia tinha sido um perrengue, nada de novo, no entanto. O ônibus, normalmente vazio o suficiente para que os assentos sobrem, não escapava do clichê conhecido por hora do rush. Sendo assim, tinha de me portar em pé, ligeiramente corcunda devido ao esgotamento físico do fim do dia. Para piorar a situação, o trânsito era outro fator social inescapável do clichê acima citado.
Já estava no ônibus havia mais de oito minutos e ele percorrera menos do que eu percorreria se estivesse andando, mas isso não importa. Anda um pouquinho, pára um tempão. De repente eu vi uma garota atravessando a rua, vindo em sentido oposto à mão de direção. Uma figura bastante familiar. Uma amiga, talvez. Mas você imediatamente descarta essa idéia, afinal, quais as chances de acontecer um encontro bizarro desses?
De qualquer maneira, para se certificar de que ela não era minha amiga, continuei seguindo-a com os olhos. Para minha surpresa, ao chegar á sarjeta, um tropeção, um capote, um rolamento e ela pára no chão, meio de quatro. Seus óculos voam para fora de seu rosto e ela mantém aquele ar abobado que toda vítima de queda assume imediatamente após o acidente.
Sim, de fato era quem eu pensava que fosse e havia descartado. Ela era mesma e ela havia acabado de levar um capote indescritível bem na minha frente. E o que é melhor: sem saber que estava sendo observada. Ela se levanta meio sem saber o que aconteceu e segue seu caminho. Eu apenas rio discretamente dentro do coletivo.
Ainda em estado de riso, pego meu celular e procuro pelo número dela. Aperto o botão verde e espero que ela atenda:
-Alô?
-E aí, tudo bem?
-Nossa, quanto tempo! Mas e aí, o que conta de bom?
-Você tá machucada?
-Como assim?
-É que você levou um capote fantástico agorinha mesmo...
-Ah, seu filhadaputa! Nunca me liga e quando liga é pra falar isso! Mas... como você viu?
Já estava no ônibus havia mais de oito minutos e ele percorrera menos do que eu percorreria se estivesse andando, mas isso não importa. Anda um pouquinho, pára um tempão. De repente eu vi uma garota atravessando a rua, vindo em sentido oposto à mão de direção. Uma figura bastante familiar. Uma amiga, talvez. Mas você imediatamente descarta essa idéia, afinal, quais as chances de acontecer um encontro bizarro desses?
De qualquer maneira, para se certificar de que ela não era minha amiga, continuei seguindo-a com os olhos. Para minha surpresa, ao chegar á sarjeta, um tropeção, um capote, um rolamento e ela pára no chão, meio de quatro. Seus óculos voam para fora de seu rosto e ela mantém aquele ar abobado que toda vítima de queda assume imediatamente após o acidente.
Sim, de fato era quem eu pensava que fosse e havia descartado. Ela era mesma e ela havia acabado de levar um capote indescritível bem na minha frente. E o que é melhor: sem saber que estava sendo observada. Ela se levanta meio sem saber o que aconteceu e segue seu caminho. Eu apenas rio discretamente dentro do coletivo.
Ainda em estado de riso, pego meu celular e procuro pelo número dela. Aperto o botão verde e espero que ela atenda:
-Alô?
-E aí, tudo bem?
-Nossa, quanto tempo! Mas e aí, o que conta de bom?
-Você tá machucada?
-Como assim?
-É que você levou um capote fantástico agorinha mesmo...
-Ah, seu filhadaputa! Nunca me liga e quando liga é pra falar isso! Mas... como você viu?