10.11.04
Processo seletivo
Talvez eu nunca tenha sido muito sortudo, mesmo... mas aquilo já era demais. Mas vamos do começo: de cara, não fui dispensado. Mas aí era questão de sorte, mesmo. Fui à primeira entrevista, com um amigo. No Cambuci. Tinha de estar lá às 05:00. Cheguei às 04:45. Meu amigo, na época, estudava na Unicamp. Dispensado. Quanto a mim... bem, como estudava à noite... e, mesmo já empregado, disseram-me que lá ganharia melhor. Em tempo: mentira. Apesar de estar registrado com um salário, meu ganho era por hora-aula. Por fora, é verdade. Não fui dispensado e me mandaram à segunda entrevista, em Santana. Um pouco mais tarde, mas ainda bem cedo. Na primeira conversa que tive, disseram-me que eu tinha o perfil que a instituição queria. Gelei. Me mandaram para o exame médico. O doutor constatou um prolapso da válvula mitral. Um pequeno sopro no coração, que cerca de 10% da população tem, que não causa maiores danos. Mas, gente fina, o doutor perguntou se eu era voluntário. Respondi que, definitivamente, não era. Ele me dispensou por condições médicas. Mas, na segunda conversa, mandaram chamar o doutor. Perguntaram a ele se o meu problema era grave. Não. Ele tem condições? Sim. então a dispensa está anulada. Teste físico. Caralho!!! Que filhasdaputa!!! Teste físico, é? Pois, vai toma no cu, eu vou avacalhar essa merda, porra!!! Fingi dores no joelho e não consegui cumprir a meta. Quase seis meses depois, finalmente, consegui a dispensa.
Hoje, quando me perguntam o que fiz quando tinha 18 anos, respondo que tente, a todo custo, me livrar do exército.
Hoje, quando me perguntam o que fiz quando tinha 18 anos, respondo que tente, a todo custo, me livrar do exército.