28.6.04
Cai, cai balão
Com esses recursos, resolvi encarar o desafio e levar meu espírito JUNKIE às últimas conseqüências. Últimas? Não, exagero. Mas, de qualquer forma, encarei o DESAFIO. A proposta INICIAL era apenas tomar um Viagra e relatar a experiência. Mas as circunstâncias -FELIZES- me levaram a uma PAUTA bem mais interessante. Tomar um Viagra na Parada do Orgulho Gay de São Paulo.
Devidamente MUNIDO do relato dessas duas experiências, me ABRI ao novo e parti em tão INSÓLITA jornada.
A verdade é que eu PERDI um pouco a hora e boa parte da PARADA, mas cheguei a tempo de ENCARAR o show na praça da República. Mas não é essa a pauta, disso os JORNAIS falaram. Cheguei à avenida Paulista às 18:30, quatro horas depois do começo da festa. Mas em tempo.
A pílula AZUL da felicidade foi devidamente ingerida por mim no exato momento em que cheguei. Aliás, MINTO: um pouco depois; na hora em que cheguei, um GRUPO de aproximadamente 70 policiais andava ao meu lado. Com medo de que estes NOBRES senhores -e algumas nobres senhoras- pensassem que se tratava de alguma droga ILÍCITA, aguardei sua passagem antes de ENGOLIR o remédio.
Sabia que seria questão de TEMPO, talvez 40 minutos ou menos, até o remedinho fazer EFEITO. Estava preparado para o céu e o INFERNO, ao melhor estilo Aldous Huxley. Corri atrás da parada, que, a essa ALTURA, já descia a rua da Consolação.
Não posso NEGAR que estava apreensivo, afinal, sabia dos malefícios CARDÍACOS a que estava sujeito. Não conseguia me concentrar muito na FESTIVIDADE. Concentrado em meu próprio UMBIGO -ou antes, em outra parte de minha ANATOMIA-, só pensava no momento da RIGIDEZ definitiva.
Segui acompanhando a carreata e procurando, de qualquer maneira, um ESTÍMULO -visual, que fosse- para mim. Havia alguns TRAVESTIS muito bonitos e, SINCERAMENTE, torci para que algum deles, qualquer um, me servisse de INSPIRAÇÃO, por assim dizer. Nem que fosse ao menos para conferir um tom HUMORÍSTICO à minha mais bizarra incursão alucinógena e JORNALÍSTICA.
Mas o tempo foi passando, e nada da pílula azul da FELICIDADE me trazer felicidade. Nada. Por enquanto. Confesso que ainda tinha MEDO. Nos relatos que ouvi, o uso de ÁLCOOL havia sido prejudicial. Não havia tido CORAGEM de tomar sequer uma cerveja, mas sabia que outros ADITIVOS poderiam me fazer bem. Sendo assim, encaminhei-me para o MEIO da multidão e saquei, na frente de todos, DESCARADAMENTE, um baseado.
Após algumas tragadas, um travesti realmente muito bonito e VISTOS passou por perto, mas ainda nada. Apenas me chamou a ATENÇÃO No palco montado na praça da República, representantes de ONGs de defesa dos DIREITOS homossexuais gritavam que “São Paulo é gay”. Concordei de imediato, mas não sabia se estava sob EFEITO da pílula ou da maconha.
Meu medo, aos poucos, foi PASSANDO Mas não minhas expectativas. Mas, após tantas PERIPÉICAS experimentais com meu corpo, não resisti aos anseios da LOIRA insinuante, Serramalte. Placar PARCIAL: uma pílula, um CIGARRINHO ilegal e quatro loiras GELADAS. Reações físicas parciais: corpo CAVERNOSO inerte.
Nada ocorrera. Quer dizer, ALGUMA coisa ocorreu, sim. Explico. Para o bem ou para o MAL, fui à parada acompanhado de minha SENHORA. Em determinado momento, um beijo, por assim dizer, mais ACALORADO pressentiu a eficácia do remédio. Pensei: “Agora ninguém me segura. Só a CUECA!” Mas, depois do beijo e três PASSOS adiante, tudo estava na mais perfeita ordem no parque de DIVERSÕES. Agora, com distanciamento CRÍTICO suficiente, acredito que tal rigidez não foi efeito do REMÉDIO, mas da garota.
Calma, paciente LEITOR. É óbvio que uma história sobre Viagra não vai acabar sem o que REALMENTE interessa. Embora um tanto quanto FRUSTRADO e incrédulo -se a tal pílula azul da felicidade não funciona agora, como será quando eu realmente PRECISAR?- com a balinha que tomei. Aliás, pausa rápida (é FUNDAMENTAL manter o suspense antes do sexo): a pílula tinha um certo GOSTO de esparadrapo. Pergunto-me, ainda, em que CONDIÇÕES ela esteve armazenada.
Enfim, à medida que se aproximava o momento tão esperado, INCONSCIENTEMENTE sabia que o que estava por vir não seria extraordinário. NÃO, eu posso melhorar o que disse: não seria uma coisa de se deixar seqüelas, ASSADURAS ou marcas indeléveis. Seria apenas SEXO.
É, fato que se demora pra gozar, mesmo. Mas não posso dizer que minha experiência com Viagra foi BROXANTE.
ander_laine, assim como Pelé, falaria