10.3.04
Abre farol, abre logo...
Num posto, dois frentistas tocavam alguma sorte de xilofone. Talvez fosse, de fato, um. Talvez fossem barras de ferro sendo percutidas por chaves-de-fenda, alicates e martelos, para os compassos mais altos. O ritmo seguia sempre quase igual, o andamento não era perfeito, e as notas não necessariamente se seguiam. Mas o som era agradável. Sutil, talvez. Ao menos afinado.
Uma velha louca gritava e dirigai-se aos carros, meio que nos obrigando a todos a comprar suas balinhas. Coitada, louca foi força de expressão. Mas com seus cabelos desgrenhados, sua boca desdentada e gritando alucinadamente, foi a impressão que tive.
Talvez em São Paulo nem tudo seja barulho, talvez ainda exista algum som agradável. Mas é claro que essa é a percepção de alguém chapado.